terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Dilma Rousseff e o ‘dia em que a vaca tossiu’



Com a ascensão meteórica de sua candidatura — logo após o acidente aéreo que vitimou Eduardo Campos —, Marina Silva foi (injustamente) acusada por Dilma Rousseff de vir a extinguir, caso eleita, os direitos trabalhistas (!). Inclusive, para deixar claro que jamais faria tal coisa, a candidata do PT disparou uma frase de efeito: “nem que a vaca tussa”.

No entanto, dois meses após o resultado das eleições, o que vemos é a pobre vaca tendo um terrível acesso de tosse: no sentido de economizar R$ 18 milhões no orçamento de 2018, o Ministério da Fazenda anunciou uma série de mudanças nas regras do auxílio-doença, do seguro-desemprego, das pensões por morte e do PIS. 

Bolsa Família? Não, o programa não sofreu nenhuma alteração. Ora, por quê? Bem, todos sabem os motivos...

Capa da ‘Veja’: dois meses



No dia 24 de dezembro, a edição da Veja que trazia em sua capa a imagem acima completou dois meses de lançamento. E, até o prezado momento, não chegou à imprensa nacional a notícia de que a presidente Dilma Rousseff acionou judicialmente a publicação — conforme havia prometido dois dias antes da votação do segundo turno, em sua propaganda eleitoral gratuita.

É importante frisar que Dilma ameaçou processar somente a Veja, mas não a Folha, o Estadão e tantos outros veículos que também divulgaram a notícia de que, segundo o doleiro Alberto Yousseff, ela e o ex-presidente Lula “sabiam de tudo” o que se passava de escuso dentro da Petrobras.

E o mais curioso: em momento algum Dilma manifestou publicamente a intenção de entrar na Justiça, por danos morais, contra... o próprio Yousseff, seu acusador...



sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Da série ‘Epígrafes’: Lula

Eu não acho nada. É um problema da presidente Dilma, não meu.”



Do ex-presidente Lula, após ser questionado por repórteres se, diante das denúncias de corrupção na Petrobrás, Graça Foster, presidente da empresa, deveria deixar o cargo.


domingo, 14 de dezembro de 2014

‘Istoé’: Rodrigo Janot e o ‘acordo’ com as empreiteiras



A matéria de capa da edição de semana passada da “Istoé” acusou Rodrigo Janot, sem meias palavras, de ter tido contato com os advogados das empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato. Segundo a revista, a intenção do procurador-geral da República era propor acordos que, pasmem, “impedissem que as investigações chegassem ao Palácio do Planalto” (!).

Imediatamente, Janot — sem citar o nome da publicação — emitiu nota, reiterando que “não aceitaria” que determinados setores da imprensa “desqualificassem o trabalho do Ministério Público”. E só. Sequer ameaçou processar ninguém por “calúnia. E, na última quinta-feira, 11, afirmou, em entrevista coletiva, que os acusados de desvio de recursos da Petrobras “roubaram o orgulho dos brasileiros”.

Já a “Istoé”, na edição desta semana, que chegou às bancas ontem, reagiu: o fato de o procurador ter “elevado o tom das críticas” ao governo é puro “jogo de cena”, visto que a possibilidade do tal acordo — que, no final das contas, isentaria o governo de qualquer responsabilidade no escândalo — não está descartada...


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Sobre a (famigerada) PLN 36



As lições que ficam da sessão que durou 19 horas (!), na qual deputados e senadores se reuniram para votar a (famigerada) PLN 36, que, na prática, exime a presidentA reeleita de responder por crime de improbidade administrativa, ao não cumprir a meta de superávit fiscal de 2014:

a) condicionar o aumento de verbas para emendas parlamentares à aprovação da alteração da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) é um tipo de chantagem — e através do Diário Oficial (!) — jamais vista no Brasil. O que, por si só, já classifica o governo Dilma como o mais indigno de toda a História republicana;

b) a lista [que pode ser baixada aqui] com os nomes de todos os ordinários que votaram a favor da medida — em troca de R$ 748 mil reais para os seus projetos — deve ser guardada em um local seguro. Para ser consultada no segundo semestre de 2018, é claro;

c) Renan Calheiros provou, mais uma vez, não ter envergadura moral sequer para ser síndico de um prédio — quanto mais para ocupar a presidência do Congresso Nacional. Durante a votação dos senadores, faltava um voto para que o quórum fosse atingido. O que Renan fez? Computou o próprio voto (!) — o que não é algo usual. Na véspera, havia deixado clara a sua veia parcial e autoritária, ao exigir que a Polícia da Casa expulsasse os manifestantes das galerias. É evidente que, se as manifestações fossem favoráveis à pauta que estava sendo apreciada, ele não tomaria tal atitude;

d) ainda que em menor número, a oposição cumpriu o seu papel e obstruiu a votação o quanto pôde — mobilizando, inclusive, uma parcela significativa da população. A essa altura, ninguém tem a menor dúvida que Dilma Rousseff não terá “vida mansa” em seu segundo mandato;

e) Dilma, aliás — a exemplo do que declarou recentemente o senador Aécio Neves — tornou-se, de fato, “refém” do PMDB. Tanto que, embora o texto da medida tenha sido aprovado, a votação não pôde ser concluída — novamente por falta de quórum. O motivo? O PMDB quer mais cargos no próximo quadriênio. E, para mostrar à presidentA a sua força, abandonou a sessão antes do final. Como se dissesse: “Sem a nossa presença, o governo da senhora não consegue dar sequer um passo. Portanto, trate de fazer direitinho o que nós queremos”;

f) por fim, a deputada Jandira Feghali — talvez por razões etárias — provavelmente precisa comprar um aparelho auditivo. Afinal, ouvir as galerias gritando “vai para Cuba” e considerar que estavam xingando a senadora Vanessa Grazziotin de “vagabunda” é realmente o fim da picada. Aliás, vale frisar que Jandira foi a primeira a sugerir que as galerias fossem evacuadas...


Miro Teixeira, Bolsonaro, Marco Feliciano e Tiririca: ‘não’ à LDO


Justiça seja feita: controvérsias à parte, vale destacar quatro parlamentares que, contrariando os seus respectivos partidos, disseram “não” à alteração da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias): o veterano Miro Teixeira (PROS-RJ) e os polêmicos Jair Bolsonaro (PP-RJ), pastor Marco Feliciano (PSC-SP) e, pasmem... Tiririca (PR-SP).


Miro Teixeira (PROS-RJ)


Jair Bolsonaro (PP-RJ)


Marco Feliciano (PSC-SP)


Tiririca (PR-SP)

Da série ‘Epígrafes’: Ronaldo Caiado


Atualmente, o Lulinha [Fábio Luís da Silva, filho do ex-presidente Lula] é um dos maiores latifundiários do Brasil. Comparado a ele, o Ronaldo Caiado é um mero agricultor familiar



Do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), no momento mais hilário da sessão conjunta de ontem, na Câmara Federal.






Da série ‘Epígrafes’: Rui Falcão

Quem for corrupto será expulso!


A piada pronta de Rui Falcão, presidente do PT.




segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Da série ‘Epígrafes’: Dilma Rousseff


Quero cumprimentar também o governador de Santa Catarina... embora ele não tenha chegado. (...) Quero cumprimentar (...) o senador eleito Otto Alencar, agora ex-vice-governador da Bahia. Ainda não é ex, mas será. (...) Finalmente, eu quero dizer o seguinte: para mim, o PSDB… o PSD, aliás. Desculpa. Vocês podiam ter ficado sem essa, né? Eu também. Mas vocês vejam só, a vida é dura. Pelo menos, pelo amor de Deus, eu não falei isso na campanha, né?


Dilma Rousseff, presidente reeleita da República Federativa do Brasil, no dia 06 de novembro.





Tarso Genro e o ‘Fora FHC’



Não bastasse ser pai de Luciana Genro, o governador (não reeleito) Tarso Genro será sempre lembrado pela “luminosa” ideia do “Fora FHC”.

Explico: em janeiro de 1999, no início do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, Tarso escreveu um artigo no jornal Folha de São Paulo, exigindo, em nome do PT, a renúncia (!) do presidente e a convocação de uma nova Constituinte. O motivo: o lucro “jamais obtido até então” pelo setor financeiro, através de “informações privilegiadas” que o governo teria vazado.

Dois anos depois, Tarso voltou a clamar pela renúncia do presidente, argumentando que ele havia sido eleito por meio de um “estelionato eleitoral” — no caso, o Plano Real.

Tarso, hoje em dia, deve ficar ruborizado em recordar esse papelão. Sobretudo se comparar o lucro dos bancos nos oito anos de FHC (R$ 63,63 bilhões) com os dois quadriênios do governo Lula (R$ 254,76 bilhões) — do qual fez parte, como ministro da Justiça. Detalhe: somente nos primeiros três anos de mandato de Dilma Rousseff, os banqueiros tiveram um lucro de R$ 115,75 bilhões (!). A tendência, portanto, é que, até 2018, ela consiga ultrapassar o seu antecessor/criador — caso não sofra um impeachment antes disso, é claro.

Enfim, considerando as patéticas atitudes de Tarso Genro, é inacreditável que o governo do PT e seus eleitores tenham coragem de classificar oposicionistas e determinados setores da imprensa como... “golpistas”...


Capa da ‘Veja’: um mês



No dia 24 de novembro, a edição da Veja que trazia em sua capa a imagem acima completou um mês de lançamento. E, até o prezado momento, não chegou à imprensa nacional a notícia de que a presidente Dilma Rousseff acionou judicialmente a publicação — conforme havia prometido dois dias antes da votação do segundo turno, em sua propaganda eleitoral gratuita.

É importante frisar que Dilma ameaçou processar somente a Veja, mas não a Folha, o Estadão e tantos outros veículos que também divulgaram a notícia de que, segundo o doleiro Alberto Yousseff, ela e o ex-presidente Lula “sabiam de tudo” o que se passava de escuso dentro da Petrobras.

E o mais curioso: em momento algum Dilma manifestou publicamente a intenção de entrar na Justiça, por danos morais, contra... o próprio Yousseff, seu acusador...



Da série ‘Epígrafes’: Chico Buarque


Voto em candidatos do PT desde 1989 e não vejo razão para mudar.”


Chico Buarque, no dia 26 de outubro. Sinceramente, o PT tem mesmo que se orgulhar de um eleitor tão tenaz: Mensalão, a compra da refinaria de Pasadena, resultados pífios na economia, obras paralisadas, Petrolão — nada disso fez com que o artista mudasse de ideia...



Da série ‘Epígrafes’: Artur Virgílio Neto


Política é fascinante porque o suposto derrotado é aplaudido todos os dias e a suposta vencedora se enclausura num mausoléu”.


Artur Virgílio Neto, prefeito de Manaus







Martha Suplicy se demite do Ministério da Cultura



No dia 11 de novembro, Martha “relaxa e goza” Suplicy, ministra da Cultura, entregou o cargo. Até aí, nada demais. O problema é que, na carta de demissão, a mãe de Supla, curiosamente, pouco falou a respeito da pasta que ocupou. Preferiu, pasmem, fazer observações pouco elogiosas... à política econômica (!) da presidentA eleita.

Por sua vez, Dilma, como se diz em Portugal, “não se deu por achada”. Durante escala no Catar, afirmou que“ já conhecia o teor da carta” e minimizou as críticas de Martha, considerando que a ex-ministra “apenas externou a sua opinião”.

Vale frisar que a relação entre Dilma e Martha azedou desde o ano passado, quando esta se mostrou uma das maiores entusiastas da campanha “Volta, Lula”.

Martha Suplicy agora retorna ao Senado, onde tem mais quatro anos de mandato. Mas já foi avisada que, por conta de sua (mal criada) carta de demissão, será “hostilizada“ pela bancada do PT na Casa. Há rumores de que ela tem interesse em concorrer à prefeitura de São Paulo em 2016 — o que, aliás, teria feito em 2010, se não tivesse sido preterida pelo próprio Lula em relação ao “poste” Fernando Haddad.

Portanto, ninguém deve se espantar caso Martha venha a se desfiliar do Partido dos Trabalhadores — e, daqui a dois anos, se lançar candidata à prefeitura de Sampa. Por outra legenda, claro.

Resumindo: o ambiente anda tenso na PTlândia...



Márcio Thomaz Bastos (1935 — 2014)



O que tenho a dizer sobre Márcio Thomaz Bastos, falecido no dia 20 de novembro? Advogado criminalista, teve o inegável mérito de ter sido o advogado de acusação dos assassinos de Chico Mendes. Ponto.

Contudo, também assumiu a defesa do bicheiro Carlinhos Cachoeira, do médico Roger Abdelmassih — condenado a 278 anos de prisão por 52 estupros e quatro tentativas de abuso a 39 mulheres — e dos estudantes que, durante um trote, afogaram Edison Tsung Chi Hsueh, encontrado morto em uma piscina da USP em 1999. 

Bastos também defendeu os quatro jovens de classe média que, em 1999, atearam fogo em um índio pataxó que dormia em um ponto de ônibus de Brasília, imaginando que se tratasse de “um mendigo”. E foi o responsável pelo plebiscito do desarmamento — justamente para desviar a atenção da opinião pública do mensalão, que, à época, havia atingido o seu ápice. 

Também atuou na defesa de Thor Batista, filho do empresário Eike Batista, acusado de causar a morte, por atropelamento, de um ciclista na BR-040, por excesso de velocidade. Atualmente, ajudava a coordenar a defesa de alguns políticos citados no escândalo do Petrolão.

Por fim, segundo o jornalista Lauro Jardim, Bastos deixou em seu cofre nada menos do que 17 volumes de um diário escrito durante os quatro anos e três meses em que foi Ministro da Justiça do governo Lula. E já orientou a família para que os mesmos só venham a ser publicados... 50 anos após a sua morte.


Joaquim Levy, o novo ministro da Fazenda



Agora é oficial: Joaquim Levy será o novo ministro da Fazenda. E, embora tenha sido secretário do Tesouro Nacional durante o governo Lula, a escolha não poderia ser mais surpreendente — tamanha foi a incoerência da presidentA reeleita.

Levy foi aluno — e tem o mesmo pensamento econômico — do ex-presidente do Banco Central da gestão Fernando Henrique, Armínio Fraga, duramente criticado por Dilma Rousseff ao longo de toda campanha eleitoral. 

E mais: atualmente, Levy é diretor-superintendente do Bradesco Asset Management. Portanto, trata-se de um homem ligado ao sistema financeiro — “demonizado” pela então candidata do PT sempre que se referia à proximidade de Marina Silva com a educadora Neca Setúbal, herdeira do banco Itaú.

Também vale frisar que Joaquim Levy participou informalmente de eventos em apoio à candidatura de Aécio Neves. Por todos esses motivos — e considerando que o temperamento centralizador de Dilma provavelmente não concederá a ele a autonomia necessária para trabalhar —, sinceramente, não entendo que razões teria levado o economista aceitar o convite...



Dilma Rousseff: ainda no palanque



No dia 28 de novembro, na reunião do Diretório Nacional do PT, em Fortaleza, Dilma Rousseff mostrou que, embora esteja há quase quatro anos no poder, ainda não se conscientizou de que é a presidente da República. Ou seja, continua se comportando com uma reles militante partidária.

Em seu discurso, Dilma classificou a oposição como “esses golpistas”, esquecendo-se que, no dia 26 de outubro, logo após a divulgação do resultado da votação, propôs.. “diálogo”. E mais: afirmou que “a verdade venceu a mentira”, referindo-se ao desmatamento — que, segundo ela, teria diminuído 18% em relação a 2013. E assegurou que, no final de 2014, a inflação estará “dentro da meta”.

No entanto, curiosamente, não comentou os dados que o IPEA divulgou somente após as eleições — de que o número de miseráveis no Brasil teria aumentado. Da mesma forma, quanto ao projeto de alteração da Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) — que visa evitar que o brutal déficit das contas do governo se transforme em crime de improbidade administrativa —, nada declarou...


Da série ‘Fotos’: ‘Vossa Excelência é uma vergonha!’


Esta, provavelmente, foi a foto do mês de novembro: “Vossa Excelência é uma vergonha para esta Casa!”









Deu na ‘Istoé’: O PT ‘tucanou’


Na capa da revista Istoé desta semana, a verdade límpida como água: em seu segundo mandato, Dilma Rousseff adotará, na esfera econômica, o “receituário amargo” defendido pelo PSDB — o qual condenou impiedosamente durante toda a campanha eleitoral...